sábado, janeiro 13, 2007


Foi rodar por aí com as crianças, um mau humor filho da puta. Deixou o celular em casa, afinal não ia poder dizer tudo que queria, caso ele ligasse...Tudo fechado: Mc, Dunkin, sorveteria. Voltaram. Celular: 1 ligação perdida. Dele. Hehehe. 19:22h. Foi fazer comida pra 2007, que já tava chegando. Saco. 19:40h ele liga: "O que aconteceu? Acordei agora a pouco, você num ligou...que aconteceu???". "Eu é que pergunto!!!!!!!!!!!". E relata o drama todo. Bem, ele...dormiu. "Dormiu??????". "É...Cochilei." Porra!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Não escutou fone, celular, nadaaaaaaaa??? Difícil acreditar mas o pior é que devia ser mesmo verdade. Ela disse que é porque não era pra ser. E que, se fosse importante pra ele, ele não teria dormido. E que podia ter ficado só no lance da chuva, não podia? Podia. E que era bom pra ela deixar de ser oferecida.
E ele disse, docemente, como sempre, que não, ela não é oferecida. E que tinha ligado nos motéis. E que tinha perguntado lá pras moças se podia abrir o "teto solar" das suítes, mesmo com chuva. E que tomou banho e ficou feito um noivinho, esperando por ela. E que vestiu jeans e camiseta, como havia muito não fazia, porque ela vive dizendo que ele é tão "Patricinho". E que era uma merda mas...dormiu.
E pediu um instante pra atender o celular mas ela não deu.
Escreveu tudo no caderno, que já deveria ter feito o favor de terminar mas não terminava nunca! Pensou em arrancar as últimas folhas mas se lembrou de que tinha que aprender a ter mais paciência: com o caderno, com a vida que vai tecendo sua teia no seu tempo, com seu próprio coração. Melhor, então, começar pelo caderno.
Foi para a casa de umas amigas animadas e o ano novo chegou.
A cabeça cheia de caipirinha.
Ao abrir aquela gaveta da alma onde estão as coisas que ele vem lhe dando, saiu um som. Uma caixinha de música e uma bailarina de biscuí dançando no meio dela, no meio dos fogos.
E ela se perguntou, tranquilamente, como não amar um homem desses...
Não deve ter resposta mas não faz mal. Ela não quer mesmo saber.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Solidão


31 de dezembro de 2006.
O dia inteiro melancólica. Olhava pela janela, sem ser vista por eles... Lembrou do pai com uma saudade...!
Ficou se lembrando da cara triste do Sadam com a corda no pescoço. Sonhou com ele, a noite passada; um sonho ruim, é claro.
Ficou lembrando que não conseguiu dar os parabéns à mãe pelo aniversário, no dia anterior. Que todos deviam estar na chácara que a família da cunhada sempre alugava para passar o reveion. Que, de fato, estava cada vez mais sózinha, longe da família, e, aí, a saudade dos tempos com o pai foi aumentando. E que é muito duro preferir viver sempre dentro da verdade. Muito duro. A maioria das pessoas parece conseguir viver muito bem, obrigada, fingindo que tem e faz parte de uma família legal, harmoniosa, quase perfeita. Por que é que ela não consegue?
Lá pelas 14 e tanto, ele ligou. Queria dizer que a chuva despertou nele mil fantasias. Que queria fazer amor com ela, de quatro, no mato, na chuva. Que ficou pensando em grandes pingos de chuva caindo nas costas dela. Depois, nos seus seios. Depois, em beijá-la na boca molhada, o cabelo molhado, tudo. É claro que ela adorou. Adorou ele fantasiar e que fosse com ela e que ligasse. Num tava muito bom? Tava. Mas ela se ofereceu. Isso mesmo: se ofereceu. Falou que tava com saudade, que queria vê-lo. Ele também quis. Combinaram pras 17h. Ela iria buscá-lo. E se arrumou toda. Banho esfoliante, óleo corporal, perfume francês, brincão de argola.
Saiu de casa às 17 e 15. Ligou no celular dele e nada. Em casa: nada. Droga. Lembrou que algo lhe dizia que não ia rolar. Mas foi. Quem sabe, ele estaria na esquina, né? Ou na porta. Ou pela rua. Sempre fica meio desnorteado, quando vão se ver. Mas...nada. Parou perto da casa dele. Ligou de novo. Celular, casa: nada. Bom, foi dar umas voltas, comprou chiclete, tudo bem devagar, "quem sabe ele liga, né?", já meio broxa. Aí, foi se sentindo mal por dentro, "não acredito que isso tá acontecendo comigo...". Que absurdo! Foi ficando muito puta. Se ele ligasse, ela ia detonar. Mas ainda não ligou. Vai ligar. Voltou pra casa e desabafou num caderno. Eram 18 e 5.
Por que ele não disse que não podia, não queria? Se foi um imprevisto, por que não ligou pra ela? Se foi uma emergência, por que não levou o celular? Porra! Por que não pensou nela??? Porque não era importante. É isso. Não era importante. A gente abaixa demais, a bunda aparece, não é assim?
Só achava que não precisava ser justo hoje. Qualquer hora dessas, ela entende isso. Agora, é preciso calibrar o humor para ter o tom certo, na hora que ele ligar. Só isso.
E o pai das suas crianças tinha ido lá, levar os presentinhos de Natal, finalmente: dois radinhos com fone de ouvido. Ficaram os três mais o gato, dentro do carro dele, tava chovendo. E ela vendo da janela. Tão bonitinho...! Que dó sentiu deles 4 mais o gato! Que pena ele e os filhos perderem a oportunidade de viver tantas coisinhas bobas, simples e tão bonitinhas de pai e filhos! Que pena...!
Foi aí que o telefone tocou, lá pelas 14 e tanto...